domingo, 8 de julho de 2012

UMA RECONCILIAÇÃO BEM SUCEDIDA

Bassey, um rapazinho de 8 anos que resgatamos em novembro do ano passado e de quem cuidamos por meses até conseguirmos localizar sua família. Ele havia sido abandonado numa estrada longe de casa porque sua família acreditava que ele era bruxo. No começo foi muito díficil localizar a família, porque tudo o que ele podia dizer era que ele era de Oron que é mais do que uma cidade, mas uma região enorme que engloba várias vilas. O mais díficil agora é acreditar que a família dele estava numa pequena vila tão próximo à nossa base. Apenas 15 minutos de carro e já estávamos lá.

Nossa chegada chamou a atenção da vizinhaça e muitos ficaram ali envolta da casa querendo saber o que os “homens brancos” queriam. Fomos recebidos com alegria pela tia do Bassey e pelo avôzinho dele já super debilitado e com problemas de visão sentado numa cadeira e recebemos um super abraço do Bassey que continuava como da primeira vez que o vi quando o fui resgatar em Novembro, super timido e falando pouco. Perguntamos se ele estava indo às aulas e ele disse que sim, que estava de férias mas que as aulas retornariam na segunda-feira. Sua tia então nos disse que ele iria sim, mas que no momento eles não tinham o dinheiro ainda para comprar um caderno para ele. A Diana pediu para ele trazer sua pasta e ele nos apareceu com uma sacolinha de pano com um lápis dentro. Estes são os momentos que ficam na minha memória e que vão mudando o meu jeito de ser e meus valores.


No meio de nossa visita apareceu um senhor de uns quarenta e poucos anos de idade e começou a discutir com o nosso time enquanto eu conversava com a tia do Bassey. Ele falava alto no dialeto local e eu percebia um tom de agressividade nas palavras dele. Então me voltei a eles e perguntei de quem se tratava e a Diana, que tentava o acalmar, disse meio sem graça que era o chefe daquela vila. Eu me aproximei dele e perguntei se ele falava inglês e ele disse “Claro que sim!”. Então eu expliquei resumidamente o que estávamos fazendo ali e antes que eu terminasse ele começou a reclamar, dizendo que não podiamos entrar na vila dele para conversar com pessoas sem pedir sua permissão. Disse ainda que se ele fosse ao meu país não o deixariam nem andar direito, em toda rua em que fosse seria revistado e iriam olhar até suas cuecas. Então eu lhe disse “o senhor está enganado. Lá não é assim não. O senhor poderia andar sem problemas pelas ruas e conversar com as pessoas sem ter que pedir permissão a um chefe de vila, o que não quer dizer que aqui não possa ser assim. Eu respeito e peço desculpas. Não sabíamos onde o senhor morava. Extendi a mão a ele e ele apertou a minha mão. Lhe dei um aperto da mão forte olhando nos olhos e ele disse rindo “só quero ser seu amigo. Você trouxe alguma coisa para mim?” e antes mesmo que eu respondesse ele foi tão fuzilado pelos olhares da vizinhança que deu outra risada e saiu andando.

A história de como Bassey foi acusado de ser bruxo é um verdadeiro angu de caroço. Aparentemente ele morava em Lagos com a mãe até que algum profeta por lá o acusou de ser bruxo e de ter causado a morte de algum tio e a mãe dele começou a acreditar nisso. Percebendo que ele estava correndo risco de vida a tia dele o trouxe para o sul. Mas algum tempo depois a história se espalhou pela vizinhaça e em pouco tempo muitos acreditaram que ele era bruxo e ninguém o queria mais por alí e o abandonaram longe de casa. Quando nós localizamos sua família, o Jackson e a Uduak começaram a visitá-los, levando nossas revistas educativas e ensinando a eles sobre o evangelho de Jesus explicando sobre o grande erro que eles estão cometendo em achar que o Bassey é bruxo e fazê-lo passar por tanto sofrimento desnecessário. Finalmente, eles o aceitaram de volta em casa e como nós vimos nesta visita e confirmamos com ele, com sua tia e com os vizinhos, por alí graças a Deus está tudo bem apesar das dificuldades do dia a dia.

O caso do Bassey é um caso que chamo de bem sucedido. A verdade e a unidade da família foram restituídas através do evangelho de Jesus.

No meu próximo Post vou falar sobre o caso do Michael, que foi reconciliado mas que infelizmente não deu certo nos deixando numa situação super difícil e ele numa situação de alto risco. E estamos trabalhando intensamente para ajudá-lo.

Beijão, que Jesus abençoe cada um de vocês!

Leonardo Santos 
Caminho às Nações | Nigéria


 Doar é uma forma de amar,Uma atitude sua pode  mudar para sempre a vida de uma criança na Nigéria

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